Era a sexta ou sétima vez que Baltasar se deslocava a Monte Junto para consertar a máquina que se ia destruindo com o tempo. Mesmo protegida por mato e silvado, as lâminas da máquina voadora ficavam enferrujadas. Baltasar aproveitava a viagem para colher vimes, que serviam para consertar os rasgões que encontrava no entrançado da máquina.
Chegou o dia em que Blimunda decidiu acompanhar Baltasar na viagem. Justificando- se que gostaria de conhecer o percurso para o caso de necessitar deslocar-se até ao local sozinha poder fazê-lo sem problemas. Puseram-se a caminho depois das despedidas, com o burro que Baltasar arranjara para os ajudar na longa viagem que tinham pela frente. Foram passando pelas vilas que Blimunda ia decorando, até chegarem ao destino.
Durante o dia tentaram consertar a máquina até ao pôr-do-sol. Passaram a noite na
passarola e voltaram no dia seguinte a Mafra.
Mesmo depois da longa viagem ainda não tinham passado pelo pior, pois foi à hora do
jantar, quando todos se juntaram, que morreu o pai de Baltasar, João Francisco.