quarta-feira, 8 de junho de 2011

Capítulo I

O capítulo começa por contar que já há dois anos que D. João V está casado com D. Maria e até agora ela ainda não havia engravidado. A rainha rezava novenas e, duas vezes por semana, recebia o rei nos seus aposentos. Quando ambos se casaram, o rei dormia com a rainha todos os dias, mas devido ao cobertor de penas que ela trouxe da Áustria e porque com o passar do tempo, os odores de ambos faziam com que o cobertor ficasse com um cheiro insuportável, o rei deixou de dormir com a rainha.

O rei estava a montar em puzzle a Basílica de S. Pedro de Roma para se distrair e porque era um dos hábitos de lazer. Mas a rainha estava à sua espera para que ele cumprisse o seu dever conjugal. E para os aposentos da rainha o rei se dirigiu, mas entretanto chegara ao castelo D. Nuno da Cunha, bispo inquisidor, que trazia consigo um franciscano velho. Afirmava o bispo que o frei António de S. José assegurou que se o rei se dignasse a construir um convento em Mafra, teria descendência. Enquanto isso, a rainha conversava com a marquesa de Unhão, rezavam jaculatórias e proferiam nomes de santos.

Após a saída do bispo e do frei, o rei anunciara-se e, consumado o acto, D. Maria deveria "guardar o choco", a conselho dos médicos e murmurava orações, pedindo ao menos um filho. D. Maria sonhava com o infante D. Francisco, seu cunhado e dormia em paz, adormecida, invisível sob a montanha de penas, enquanto os percevejos começavam a sair das fendas, dos refegos, e se deixavam cair do alto dossel, assim tornando mais rápida a viagem. D João também sonhara nessa noite, nos seus aposentos. Sonhara com o filho que poderia advir da promessa da construção do convento de Mafra.