quarta-feira, 8 de junho de 2011

Capítulo XVII

Numa altura em que se passam tantos prodígios, Blimunda e Sete-Sóis têm que guardar segredo porque se assim não fosse algo lhes aconteceria. Na casa dos pais de Baltasar, Inês Antónia contou-lhes maravilhada o caso da passagem do Espírito Santo por cima da vila. No dia seguinte Baltasar saiu de casa com o cunhado à procura de emprego na obra de construção do convento e foi aceite para trabalhar lá.

A Mafra chegaram notícias que tinha ocorrido um terramoto em Lisboa derrubando beirais e chaminés. Passam mais de dois meses que Baltasar e Blimunda chegaram e vivem em Mafra. Baltasar foi ao Monte Junto e verificou que a máquina de voar estava no mesmo sítio, na mesma posição, descaída para um lado e apoiada na asa debaixo de uma cobertura de ramagens já secas. Baltasar subiu para a máquina e riscou um Sol e uma Lua. Em meados de Dezembro, voltava Baltasar para casa ao fim do dia, quando viu Blimunda, que lhe contou que Scarlatti está na casa do Visconde. Scarlatti tinha feito um pedido ao rei para poder visitar as obras do convento e o Visconde hospedara-o, apesar de não ser excessivo o seu gosto pela música.

Quando ia visitar o convento, Scarlatti disse a Blimunda que o padre Bartolomeu teria morrido em Toledo para onde tinha fugido e como não falavam de Baltasar nem Blimunda resolveu vir a Mafra verificar se estavam vivos. No dia seguinte Scarlatti partiu para Lisboa. Fora da vila Baltasar e Blimunda esperavam-no, para se poderem despedir dele.