quarta-feira, 8 de junho de 2011

Capítulo VIII

Baltasar e Blimunda estão a dormir na sua cama. Entretanto Blimunda acorda, e estende a mão para o saquitel onde costuma guardar o pão, mas apenas acha o lugar; então procura por baixo do travesseiro e no chão, no entanto Baltasar diz-lhe para não procurar mais, porque não irá encontrar o pão. Baltazar terá perguntado já várias vezes ao Padre Bartolomeu o porque de Blimunda comer pão antes de abrir os olhos, o padre apenas lhe respondia que era um grande mistério. Blimunda com os olhos fechados, tapando-os com as mãos, implora a Baltasar para que lhe de o pão, mas este só lhe dará o pão depois de Blimunda lhe contar que segredos esconde. Esta tenta sair da cama mas Baltasar não deixa, e acaba por haver um conflito entre eles e ele acaba por lhe dar o pão, mas só depois de Blimunda lhe prometer que lhe contava tudo depois de comer. Passados uns breves momentos após Blimunda ter comido o pão virou-se para Baltasar e diz-lhe: "Eu posso ver as pessoas por dentro, mas só o faço quando estou em jejum e promete nunca ver Baltasar por dentro. Ele não acredita. Então ela diz a Baltasar que lhe irá provar, que no dia seguinte quando acordassem iriam os dois à rua e ele iria atrás para que Blimunda não o pudesse ver, e Blimunda iria à frente de olhos fechados e que lhe diria o que veria por dentro das pessoas, o que estaria no interior da terra, por baixo da pele e até por baixo das roupas, mas tudo isto acabaria quando o quarto da lua mudasse. E assim foi...

A primeira visão de Blimunda foi a de uma mulher grávida de um filho varão, mas este tem duas voltas no pescoço de cordão umbilical, podendo morrer ou viver; em seguida Blimunda descreve o chão que pisão, dizendo que por cima tem barro encarnado, por baixo areia branca, depois areia preta, depois pedra cascalha, pedra granita no mais fundo, e nela há um grande buraco cheio de água com o esqueleto de um peixe maior que o seu tamanho; a terceira visão é a de um homem que se encontra em jejum; a quarta visão é de um homem com o seu órgão sexual apodrecido devido ao venéreo; a quinta visão é um padre com uma grande bicha solitária; a sua sexta visão é de homens e mulheres ajoelhados diante do nicho de S. Crispim, e diz a Baltazar que o que ele pode ver são persignações, o que ele pode ouvir são pancadas e bofetadas que por penitência dão uns aos outros e a si próprios, mas Blimunda vê sacos de excrementos e de vermes; e por ultimo a sétima visão de Blimunda é uma nascida que se encontra na garganta de um homem. Depois de todas estas visões Baltazar continua sem acreditar, então Blimunda pele que ele com o seu espigão um buraco no lugar que ela indicara, e diz-lhe que encontrará uma moeda de prata, este assim o faz mas diz-lhe que a moeda é de ouro, ao que ela responde que sempre confunde prata com ouro.

D. Francisco encontra-se na janela do palácio a "espingardar" contra os marinheiros que se encontram nas barcas no Tejo.

Entretanto nasceu o infante D. Pedro, segundo filho dos reis D. João e D. Maria Ana Josefa sendo baptizado por 4 bispos. Por fim El-rei vai a Mafra escolher o sitio do convento, ficará num alto chamado Vela.