quarta-feira, 8 de junho de 2011

Capítulo XVI

Neste capítulo, comenta-se fortemente a governação do reino, criticando a justiça, onde o poder e a riqueza se sobrepõem sempre àqueles que não possuíam nada. Considerava-se que até mesmo o destino foi injusto ao deixar morrer afogado o Infante D. Miguel (quando ao vir de caçar veio algum vento e a vela se virou), poupando a vida ao irmão do rei, o Infante D. Francisco.

Entretanto, criada pelo Padre Bartolomeu Lourenço, a passarola, a máquina de voar, está pronta. Em S. Sebastião da Pedreira, Baltasar e Blimunda, têm de deixar a quinta que foi perdida pelo rei para o Duque de Aveiro. O Padre Bartolomeu Lourenço, aguarda a vinda do rei para provar a máquina e pretende dividir a glória e a fama do seu invento com Blimunda e Baltasar. Porém o Padre anda agitado e receoso de que o acusem de feiticeiro e judeu, embora conte com o apoio do rei, Baltazer e Blimunda prometem nunca o denunciar.

O tempo passa e o rei não chega; já é Outono e a máquina necessita de sol para se erguer do chão. Certo dia, o Padre Bartolomeu Lourenço chega pálido e assustado dizendo que necessitava fugir, pois o Santo Ofício já andava à sua procura para o prender! Apontou a passarola e disse que iriam fugir nela! Depois de preparada pedem ajuda ao Anjo Custódio para aquela "viagem" e partiram pelos ares sacudidos pelos ventos até onde o destino os quis levar. Passaram por momentos de medo, euforia, deslumbramento e felicidade, considerando-se loucos. Lá do alto avistam Lisboa, o Terreiro do Paço e as ruas. Quando passam por Mafra há gente que se ajoelha e levanta as mão implorando misericórdia. Nesta altura procuram o padre para o prender e percebem que este fugiu. A noite chega, sem sol a máquina começa a perder altitude, deixando-os assustados. O Padre Bartolomeu Lourenço, resignado, espera o fim mas Blimunda como que inspirada, consegue controlar a máquina com a ajuda de Baltasar e evitam o pior. Uma vez em terra firme, deixam-se escorregar para fora e consideram um milagre terem-se salvo sem qualquer ferimento.

Não sabem onde estão. O Padre acha que vão encontrá-los e que morrerão. Blimunda e Baltasar, confiantes, acreditam que se se salvaram daquele perigo, salvar-se-ão dos próximos, e estão prontos para fazer a máquina voar no dia seguinte. Cansados e depois de comerem algo, adormecem, Blimunda e Baltasar. O Padre está doente, tenta pegar lume na passarola mas os dois não o permitem. Afasta-se para umas moitas e nunca mais é visto. Baltasar vai procura-lo, mas em vão. Cobriram a máquina de ramos e folhas para impedi-la de voar. Na manhã seguinte, desceram pelo mesmo sítio onde o Padre desaparecera sem deixar rasto, mas não o encontraram. E lá partiram os dois. Ao fim de dois dias chegam a Mafra, onde havia uma Procissão na rua que dava graças a Deus por haver mandado voar sobre as obras da Basílica o seu Espírito Santo!